Arquiteto chinês era 'inspiração', diz presidente da Bienal de Arquitetura de SP; morte dele é 'tristeza enorme'
24/09/2025
(Foto: Reprodução) Pai do conceito "cidades-esponjas", Kongjian Yu, e a presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil, Raquel Schenkman, na Bienal.
Arquivo pessoal
A queda de um avião em Mato Grosso do Sul levou um dos maiores nome da arquitetura mundial e um grande aliado contra as mudanças climáticas: Kongjian Yu. O acidente ocorreu na noite desta terça-feira (23), na Fazenda Barra Mansa, área turística do Pantanal.
O arquiteto e paisagista chinês foi umas das principais atrações da 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, na semana passada, e estava no Brasil produzindo um documentário ao lado dos cineastas Luiz Ferraz e Rubens Crispim Jr. — que também morreram no acidente.
A presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil, Raquel Schenkman, responsável pela organização da Bienal, lamentou a morte do ícone da arquitetura. Ela contou ao g1 que Yu era "de uma incrível simpatia" e com "capacidade de pensar na transformação do mundo através dos seus projetos que mudaram mais de 100 cidade na China".
"A gente perde um grande aliado e alguém que estava na frente das transformações dos nossos grandes centros urbanos diante da mudança climática, dos extremos climáticos que a gente vive", lamentou.
Kongjian Yu participou da abertura da Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo
Arquivo pessoal
Criador do conceito de “cidades-esponja”, Yu defendia que os espaços urbanos deveriam reter a água da chuva, reduzindo enchentes e formando reservas para períodos de seca. A proposta também prevê transformar áreas alagáveis em parques e espaços de lazer, com benefícios ambientais e sociais.
Segundo a presidente da Bienal, o trabalho do arquiteto era especialmente relevante para o Brasil, por causa da relação direta do país com rios, córregos e bacias hidrográficas. “Ele nos ensinou como conviver com essas águas sem as confinar em concreto, mas deixando que elas se espalhem, filtrem poluentes e tragam saúde para toda a população”, disse.
Schenkman destacou ainda que Yu trazia uma visão que unia conhecimento milenar e inovação urbana. “A gente perde um grande aliado e alguém que estava na frente das transformações dos nossos grandes centros urbanos diante da mudança climática, dos extremos climáticos que a gente vive. É uma tristeza enorme. Uma tragédia”, completou.
Documentário no Brasil
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Durante a visita ao Brasil, Yu contou à presidente da Bienal que passou a ser reconhecido nas ruas após a exibição de uma reportagem sobre “cidades-esponja” no Fantástico. (Veja abaixo.) Ele também revelou o desejo de conhecer mais o país — o que o motivou a produzir um documentário.
Antes do acidente, o arquiteto havia filmado cenas no Rio de Janeiro, em Brasília e em comunidades de São Paulo. O próximo destino seria justamente o Pantanal.
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Quem era Yu
O arquiteto nasceu em 1963 na vila Dongyu, Jinhua, província de Zhejiang, China, em uma família de agricultores.
Ele era professor da Universidade de Pequim e diretor do escritório de arquitetura paisagística Turenscape, um dos maiores do mundo, fundado em 1998. Também foi o criador de uma das ideias mais inovadoras da arquitetura moderna, chamada "cidades-esponja", desenhadas para absorver um grande volume de água.
Kongjian Yu ainda era consultor do governo chinês. Já projetou obras em mais de 70 cidades, que hoje são capazes de receber mais chuva do que caiu ano passado no Rio Grande do Sul.
Acidente de avião
Avião de pequeno porte cai no Pantanal de MS
Quatro pessoas morreram na queda de um avião de pequeno porte que caiu na zona rural de Aquidauana, no Pantanal de Mato Grosso do Sul, na noite de terça-feira (23).
As informações preliminares são de que a queda aconteceu na Fazenda Barra Mansa, uma área turística do Pantanal conhecida por receber visitantes do Brasil e do exterior.
O g1 não conseguiu contato com a administração da fazenda até a última atualização desta reportagem.
Conforme a delegada Ana Cláudia Medina, do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), as vítimas são, além de Kongjian Yu:
Marcelo Pereira de Barros, piloto e proprietário da aeronave;
Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz, cineasta;
Rubens Crispim Jr., diretor de cinema.
Segundo amigos de Luiz Ferraz, as vítimas gravavam um documentário sobre as "cidades-esponja".
A aeronave era um modelo Cessna, prefixo PT BAN, de pequeno porte. Segundo a delegada, o avião explodiu após atingir o solo e os corpos foram carbonizados.
Equipes do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado, junto com o Corpo de Bombeiros, estão no local do acidente para iniciar a retirada dos corpos. As causas da queda ainda são desconhecidas e serão investigadas inicialmente pelo Dracco.
Avião caiu em Aquidauana, no Pantanal de Mato Grosso do Sul.
Arte/g1
