Arquiteto chinês morto em acidente de avião foi uma das principais atrações na Bienal de Arquitetura de SP 2025
24/09/2025
(Foto: Reprodução) Quem era Kongjian Yu, arquiteto morto em acidente de avião no Pantanal
O paisagista e arquiteto chinês Kongjian Yu, morto no acidente de avião em Mato Grosso do Sul nesta terça-feira (23), foi uma das principais atrações da Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo 2025.
Criador do conceito de "cidades-esponja" e considerado um dos maiores arquitetos do mundo, Kongjian Yu palestrou na abertura no evento que ocorreu em 19 de setembro no Pavilhão da Oca, no Parque do Ibirapuera, na Zona Sul de capital.
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Neste ano, o foco da Bienal está em trabalhos que respondem à emergência climática e aos desafios da vida urbana contemporânea, como habitação, mobilidade, inclusão social e integração com a natureza — como o conceito de "cidades-esponja".
A proposta do modelo urbanístico de Kongjian Yu é, justamente, a retenção da água da chuva no próprio espaço urbano, reduzindo enchentes e assegurando reservas para períodos de estiagem.
Kongjian Yu participou da abertura da Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo
Arquivo pessoal
A presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil, Raquel Schenkman, responsável pela organização da Bienal, lamentou a morte do ícone da arquitetura. Ela contou ao g1 que Yu era "de uma incrível simpatia" e com "capacidade de pensar na transformação do mundo através dos seus projetos que mudaram mais de 100 cidade na China".
"A gente perde um grande aliado e alguém que estava na frente das transformações dos nossos grandes centros urbanos diante da mudança climática, dos extremos climáticos que a gente vive", lamentou.
Segundo a presidente da Bienal, o trabalho do arquiteto era especialmente relevante para o Brasil, por causa da relação direta do país com rios, córregos e bacias hidrográficas.
“Ele nos ensinou como conviver com essas águas sem as confinar em concreto, mas deixando que elas se espalhem, filtrem poluentes e tragam saúde para toda a população”, disse.
Pai do conceito "cidades-esponjas", Kongjian Yu, e a presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil, Raquel Shenkman, na Bienal.
Arquivo pessoal
Nas redes sociais, a vereadora do Rio de Janeiro Tainá de Paula, que acompanhou a abertura da Bienal, contou que o arquiteto "defendeu que a água é a resposta e que os projetos devem incorporá-la como solução, não como problema".
A parlamentar também elogiou o olhar sensível de Kongjian Yu para o meio ambiente e o incentivo de "uma convivência humana menos agressiva com o planeta".
Yu era professor da Universidade de Pequim e diretor do escritório de arquitetura paisagística Turenscape, um dos maiores do mundo, fundado em 1998.
O arquiteto nasceu em 1963 na vila Dongyu, Jinhua, província de Zhejiang, China, em uma família de agricultores.
Kongjian Yu ainda era consultor do governo chinês. Projetou obras em mais de 70 cidades, que hoje são capazes de receber mais chuva do que caiu ano passado no Rio Grande do Sul.
Kongjian Yu deu entrevista exclusiva ao g1: 'Restaure um planeta-esponja'
Kongjian Yu e a vereador Tainá de Paula na Bienal Internacional de Arquitetura em SP
Reprodução/Redes sociais
Acidente de avião
Outras três pessoas morreram na queda de avião que matou Yu. O acidente aconteceu na Fazenda Barra Mansa, na zona rural de Aquidauana, no Pantanal de Mato Grosso do Sul, na noite de terça-feira (23).
A área turística é conhecida por receber visitantes do Brasil e do exterior. Conforme relatado por trabalhadores da fazenda ao Corpo de Bombeiros, durante a manobra para evitar os animais, a aeronave perdeu altitude e caiu.
Vídeo mostra destroços de avião que caiu e matou 4 pessoas no Pantanal
Conforme a delegada Ana Cláudia Medina, do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), as vítimas são, além de Kongjian Yu:
Marcelo Pereira de Barros, piloto e proprietário da aeronave;
Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz, cineasta;
Rubens Crispim Jr., diretor de cinema.
Segundo amigos de Luiz Ferraz, as vítimas gravavam um documentário sobre as "cidades-esponja".
A aeronave era um modelo Cessna, prefixo PT BAN, de pequeno porte. Segundo a delegada, o avião explodiu após atingir o solo e os corpos foram carbonizados.
Equipes do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado, junto com o Corpo de Bombeiros, estão no local do acidente para iniciar a retirada dos corpos. As causas da queda ainda são desconhecidas e serão investigadas inicialmente pelo Dracco.
Infográfico - queda de avião mata 4 pessoas em MS
Arte/g1
Avião de pequeno porte cai no Pantanal de MS