'Quintal de Deus', 'último pedaço do jardim': as falas de arquiteto chinês sobre o Brasil, dias antes de morrer em queda de avião
24/09/2025
(Foto: Reprodução) Arquiteto chinês morto em queda de avião visitou DF semanas antes
O arquiteto e urbanista chinês Kongjian Yu visitou o Distrito Federal no início do mês para uma palestra sobre o conceito de "cidades-esponjas".
Nesta terça-feira (23), Kongjian Yu morreu em um acidente aéreo em Mato Grosso do Sul. Outras três pessoas que estavam no avião de pequeno porte, incluindo o piloto, também morreram.
“O Brasil é a última esperança para o mundo. É o último pedaço do jardim, o quintal de Deus. Deve ser cuidado, redesenhado e usado para curar o planeta”, disse o arquiteto em Brasília.
A palestra no DF, no último dia 4, foi parte da abertura da Conferência Internacional do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil em 2025, no Distrito Federal.
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Kongjian Yu esteve em Brasília para ministrar palestra magna na Conferência Internacional CAU 2025
Conselho de Arquitetura e Urbanismo do DF/Reprodução
Yu, que é referência mundial em arquitetura da paisagem e planejamento urbano ecológico, palestrou para cerca de 4 mil participantes sobre o conceito das "cidades-esponja", criado por ele.
🌱 A proposta busca reter a água da chuva no próprio espaço urbano, reduzindo enchentes e assegurando reservas para períodos de estiagem. Para isso, entram em cena recursos como parques alagáveis, telhados verdes e calçamentos permeáveis
Durante a fala, o arquiteto fez um apelo pela transformação das cidades e pela reconexão com a natureza, destacando o Brasil como peça-chave na recuperação ambiental global.
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Ele citou que é possível adaptar metrópoles como Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre – afetada em 2024 por alagamentos – para que se tornem “cidades-esponja”.
O arquiteto também defendeu que não se deve combater a água, mas aprender a conviver com ela, adaptando as cidades às suas dinâmicas naturais.
“Nunca vamos lutar contra a água e vencer. Os danos causados pelo ciclo da água são mais perigosos do que as próprias emissões de carbono para as cidades. O que ocorre é que temos diferentes padrões de clima pelo mundo, mas estivemos propondo a mesma infraestrutura trazida dos colonizadores”, disse Kongjian Yu na palestra magna.
Segundo ele, o Brasil possui as condições ideais para liderar uma revolução urbana sustentável, desde que haja planejamento regional e uso inteligente do território.
De acordo com participantes do evento, a palestra magna foi uma das mais concorridas do congresso. O arquiteto estava no Brasil para participar de eventos e gravar um documentário sobre seu trabalho.
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O acidente
Kongjian Yu tinha 62 anos. Nesta terça, o avião de pequeno porte que transportava o arquiteto e dois cineastas brasileiros caiu na zona rural de Aquidauana, em Mato Grosso do Sul.
O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) lamentou a perda e destacou o legado de Yu como um dos principais pensadores da infraestrutura ecológica urbana.
“Sua obra deixa um legado de compromisso com a sustentabilidade, a paisagem e a vida urbana. O CAU/BR se solidariza com a família, amigos e colegas do arquiteto.”, frisa a presidente do CAU/BR, Patrícia Sarquis Herden.
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O que são 'cidades-esponja'?
O conceito de “cidades-esponja” diz que os centros urbanos devem ser adaptados para absorver e reaproveitar a água das chuvas, em vez de combatê-la com estruturas rígidas de concreto.
A proposta busca transformar áreas urbanas em espaços verdes e permeáveis, capazes de conter enchentes e criar ambientes mais saudáveis e sustentáveis.
Arquiteta explica o conceito de cidade-esponja
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